The Flying Man, o curta brasileiro que despertou interesse da Marvel Comics

Curta-metragem bra­si­leiro The Flying Man

Há cerca de ano e meio, o roteirista Henry Grazinoli recebeu a ligação de um velho amigo. Marcus Alqueres, especialista em efeitos especiais, trazia a ideia de um filme sobre um super-herói sem rosto definido, sem um modus operandi claro, que adota critérios pessoais para julgar quem considera criminoso. Suas ações suscitariam múltiplas questões e interpretações. A mídia o rechaçaria, acusando-o de ferir a ordem pública.

Os dois não se viam desde o casamento de Alqueres, quatro anos antes, e nunca haviam trabalhado juntos. Grazinoli havia escrito o telefilme Macbeto, lançado e exibido na TV Cultura em 2012. Alqueres ganhou experiência tocando os efeitos especiais de produções americanas como 300, Planeta dos Macacos: a origem e As aventuras de Tintin. O convite foi aceito de cara. “Eu sempre me interessei muito pela relação da sociedade com o poder. A gente está acostumado a ver o ponto de vista dos próprios super-heróis, a ideia era mudar isso”, contou Grazinoli em seu apartamento em São Paulo.

Passaram 15 dias juntos em Toronto e viveram um processo de imersão no universo do Flying Man. “A gente criava e escrevia sem parar. Ficamos hospedados no mesmo apartamento e o quadro com nossas anotações ficava encostado na parede, ao lado da minha cama. Eu dormia e acordava olhando pra história”, contou o roteirista.

Grazinoli voltou ao Brasil, mas continuou trabalhando na história, enquanto Alqueres começou um processo empreendedor para viabilizar o filme: juntou uma equipe de profissionais talentosos, escolheu a dedo os equipamentos de captação, produziu, dirigiu, editou e financiou todo o trabalho.

O curta, que dura nove minutos, começa com a cobertura de imprensa sobre a figura. Acompanhamos as vozes dos jornalistas sendo entrecortadas pelas ações do Flying Man. Uma das narrações avisa: ele mata quem tem passagem pela polícia. “A partir do momento que alguém tem mais poder do que outras pessoas, você fatalmente começa a desenvolver um jogo complicado de equilíbrios. E a dramaturgia sempre se apropriou disso. O jogo de poder é um dos temas preferidos de Shakespeare, por exemplo”, disse Grazinoli “Toda essa crise mundial às vezes levanta essa ilusão perigosa de que uma pessoa sozinha pode resolver todas as coisas.”

A qualidade gráfica e atualidade das questões atraíram holofotes para o curta. Disseminado na internet pelo diretor, o jornal USA Today logo deu destaque ao filme. Joe Quesada, diretor criativo e chefe criativo da Marvel Comics, disse ter ficado “sem palavras” diante da obra. Os elogios fortaleceram a ideia de que o projeto pode virar um longa-metragem. Um agente já trabalha para tentar viabilizá-lo. “Ainda não sei o rumo que The Flying Man vai tomar. Mas concordo com a grande maioria dos comentários que estão fazendo sobre ele: seria um ótimo longa. Tomara”, comenta Grazinoli. [Via revista piauí]

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